terça-feira, 5 de outubro de 2021

Pé de Jabuticaba

Pés de jabuticaba... Acho que esta é a lembrança mais antiga que me acompanha, pois sou dessas pessoas que não se lembra de muitas coisas da infância... Mas lembro daqueles pés de jabuticaba, que acho que já não existem mais, na fazenda que não visito mais, de um avô que não conheci.

Naquela fazenda, a menina magrela e frágil de cidade, que não levava o menor jeito para brincadeiras ao ar live, se vestia da mais forte e intrépida das crianças, e ia atrás das jabuticabeiras espalhadas pela lateral da casa.

Para os olhos de adulto, talvez não houvesse nada de especial em subir em um muro baixinho e largo, perfeito, para a alcançar aquelas bolinhas pretas tão desejadas.

Lembro da força quase nula para arrancar aquela frutinha gorda, negra e redonda e de seu gosto doce estourando na boca...

Algumas lembranças teem a capacidade de nos fazer sorrir tranquila por terem existido... mesmo com a certeza que não voltam e isto também vira doce.

Pés de jabuticaba... Minha saudade está virando pé de jabuticaba.

Sobre novos amores

"Uma hora a gente acaba. "

Essa frase começava o rascunho deste post, em 2012. ... Uma hora a gente acaba ...
Ficou nisso. Petrificado no tempo. Sem acabar.
E agora me deparo com os meus guardados e não sei mais o que será que eu queria, ou se somente eu queria que acabasse. Tem tempo. Acabou.
Acabou aquela melancolia louca que se faz sombra, a incontrolável vigilia de não poder ser feliz. De não se achar no direito. Tudo isso acaba.
É a vida  flui, a principio lenta e preguiçosa, em soluços escondidos, sorrisos tímidos... aí vai chegando a correnteza, sensata, que toma ocupa o peito, traz a gargalhada e o sol.
A vida volta a ser mais forte do que o medo da morte, do que o medo de amar.
Não tem nada a ver com esquecer ou superar.