quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

...

... A vida não é feita de reticências, como a minha escrita.

Ela escolhe exclamações berrantes, vírgulas intermináveis, aspas explícitas e implícitas, interrogações sem respostas, asteríscos ilegíveis.

E muitos e muitos pontos finais.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Racionalidades

Algumas vezes quis sim, berrar tão alto quanto meus pulmões pudessem aguentar ou quebrar todos os espelhos que refletissem o que eu queria esquecer.

Fazer aquelas cenas que vemos nas novelas de televisão.

Quis correr tão longe até onde não pudesse voltar, ou fazer escolhas malucas só para me revoltar.

Mas eu só quis... Porque, no fundo, sabia quem ia ter que arrumar a confusão...

sábado, 19 de novembro de 2011

Compartilhando

Com as vertigens já esquecidas, combinei um intervalo de silêncio com a vida. Um intervalo na rotina que reprisa minhas ausências e cansaços. Um intervalo na saudade que não muda, no meu tocar que escuta sempre os mesmos arrepios. Um poema ao pé do ouvido. Uma pausa sem dor, com cor; uma grafia tatuada no dorso da alma, pouco corrida, sem pressa de ser lida e encontrada. Combinamos uma coisa bonita, qualquer coisa boa e tamanha.

Com as vertigens já esquecidas, quero hidratar aquilo que me habita, me intensifica e me resguarda. Antes do choro, quero uns versos, uns avessos, uns gestos guardando coisas sensíveis. Sofro de progressos, já não cabe tanta demora dentro do meu verbo. (Por Priscila Rôde).

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Registro em branco e preto

Hoje lembrei de uma coisa que queria te contar, filho, mas por garantia achei melhor escrever e não sei ao certo se você vai entender o que eu digo.

Lembrei que seu pai tinha o costume de beijar no rosto os irmãos, o pai dele e alguns amigos mais próximos... era de forma tão natural, tão espontânea, que me comovia, sempre e profundamente, me encantava e me orgulhava.

Neste gesto ele expurgava preconceitos adultos, meu filho, que construimos pela vida e voltava a ser menino, como sempre teríamos que ser.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Trabalhos Escolares

Uma folha de papel vermelha dobrada em forma de camisa com a foto dos dois ao centro. Em cima, os dizeres: Papai, estarei sempre contigo!

Esta imagem provavelmente vai me marcar por muito tempo, pois mesmo já sabendo dos trabalhos da escolinha, desmoronei de tal forma que foi difícil me conter ao longo do dia.

Todas as escolas fazem suas atividades para o Dia dos Pais, e como não tenho como parar o mundo ou colocar meu filhote em uma bolha mágica e super protetora, o melhor a fazer é aprender a conviver com estas – e outras - situações o quantos antes e com a maior naturalidade possível.

Hoje, a maioria das escolas declara trabalhar o "Dia da Família", em substituição ao Dia das Mães e o dos Pais, entendendo que as famílias têm composições diferentes, entretanto, a prática não se mostra bem assim. Durante a minha peregrinação na escolha da escola, esta era uma das questões que sempre levantava, e pude perceber que em muitas ou a resposta era evasiva do tipo “na época preocupamos com isso” – ou a escola praticava o que chamei de o “Dia da Família das Mães” e o “Dia da Família dos Pais”, pois na verdade não se diferenciava muito do que me lembro da minha época de criança.

Evidentemente, não tenho a intenção de ignorar a data e seus pequenos festejos, entendo que se o pai do pequeno estivesse vivo eu ia ser a primeira a querer tudo e mais um pouco... mas acho justo não querer submetê-lo aos ensaios repetitivos para uma apresentação em que o pai dele não estará presente.

O trabalho desenvolvido na escola do meu filho foi bem conduzido, com o apoio psicológico devido (acho que mais para a mãe e não para o filho que não precisava...).

O assunto foi tratado como é feito em nossa casa, onde procuro preservar a referência de pai, sem transformá-lo em um herói inatingível, mas sim em uma pessoa de verdade que agora mora apenas em nossos corações.

E assim, dentro deste contexto, ele trabalhou junto com a sua turminha a foto do pai de verdade – sem substituições por tios ou avó – e teve a oportunidade de participar de uma forma mais coerente da alegria de se ter um pai.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Segundo Seu Matheus...

O padre:
- ... celebremos agora o Evangelho segundo São Mateus.

O pequeno, de forma desesperada:
- Eu não, mãe! Eu não!!!!!

E para arrematar, depois da benção final:
- O tio me "jugo" água... Vai "ficá di catigo"!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Assim?

Eu sou assim. Preciso ser assim, com as feridas expostas, a história contada, o amor vivido, remoído, a dor encarnada e descartada, a busca, o entendimento.

Sou assim. Porque de outo jeito não conseguia me curar, porque de tal maneira transformei tudo em história contada, romântica, de livro e de vida.

E mesmo assim, muitas vezes tenho que me justificar...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tá de noite?

Chego em casa para almoçar e sou recebida com aquele sorriso largo e boca de quem acabou de almoçar:

- Mamãe chegou?

- Cheguei, filho... Respondo, feliz.

- Já tá de noite?

Coração aperta e penso que ando trabalhando demais....

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Descomplicando

E enfim, quis sair correndo, largar tudo e, irresponsavelmente, voltar para casa, para meu antigo quarto, para uma vida mais simples e descomplicada.

Fiquei sonhando em como ia criar meu filho no interior, perto dos avós e de muitos e muitos parentes, com destino certo nos almoços de domingo e companhia nos momentos de aflição.

Ah, ia ser tão bom se eu tivesse coragem de desistir de mim!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sinto muito

Olha só: Eu sei que não foi por mal, mas entenda: às vezes (é, eu sei que não são assim tão poucas como faço parecer), quando não te encontro onde procuro, vou resmungar alguma asneira ácida...  Igual quando você não dava notícias no final da tarde - lembra? - e mesmo sabendo que a culpa não era sua, eu reclamava.

Era essa minha urgência em te ver que gritava.

E, sei lá, estas coisas de costume... demoram a passar.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Dar exemplo dá trabalho

Um cachorro pequeno avançou no meu filho, nada sério.

Deixei ele se afastar de mim uns 25 metros na pracinha e ele parou para ver um cachorrinho, que estava com uma senhora de idade, uma mãe e sua filha, e o bicho simplesmente avançou. As mulheres observaram, inertes, a cena. A única reação foi um comentário da mãe da menina falando para a garota (de nove anos!) que ela deveria ter segurado o cão (?). Tá, não entendi.

Na hora só pensava em levar o pequeno para limpeza da ferida e colo de mãe. Dias depois, liguei para a sensível proprietária solicitando a carteira de vacinação do cachorro, já que por orientação médica era importante eu ter certeza que estava tudo em dia. A educada senhora mandou me dizer que o bicho era vacinado e que eu não tinha nada com isso. Tá, não entendi.

Não entendi também a mulher do meu lado que falou para o garoto de dois anos que ele ia virar um monstro, pois a mãe não o educava direito.

Não entendi uma outra mãe, ao ser abordada por uma garotinha de três anos que lhe pedia um biscoito, ter respondido que era de sua filha e que ela que pedisse para alguém comprar para ela.

Não entendi a mãe que falou para a babá não emprestar o brinquedo para o coleguinha porque era novo.

Assim como não entendo a mãe que prende a saída da escola por que está com pressa, sem se preocupar com os que não conseguem passar.

Todas estas cenas aconteceram sob os olhinhos atentos das crias em formação destas mulheres, e, para meu desgosto, da minha também.

Estas mães estão ensinando o quê, afinal? Não estou entendo.

Não adianta sentarem para discutir boas escolas e bons modos se não se preocupam com o exemplo que estão dando, com suas próprias atitudes em relação ao próximo e isto é tão óbvio!

Dar exemplo dá trabalho, então, mãos à obra!

Ainda bem que tenho em minha volta mães maravilhosas, com suas festas malucas de acampamento no quintal de casa, com pedidos de desculpas choramingados pelos pequenos à professora da escola, com exemplos cotidianos de compartilhar, cuidar e respeitar.

Obrigada por doarem seus tempos com qualidade aos seus filhos e cultivarem valores pessoais. Obrigada à minha mãe por não me ensinar a entender atitudes individualistas. Sem vocês, eu perderia a fé na humanidade.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Achados e Perdidos

20/11/06: Querendo sair para almoçar

2:14 eu: Estou aqui, tá?
12:15 Élcio: calma aí
eu: Calmei.
______________________14 minutos

12:29 eu: Tô descalmando... Vai demorar?
12:30 Élcio: tá quase
_______________________10 minutos

12:40 Élcio: tô indo beijo
eu: Beijo totalmente descalmado.
 
                                  E fim...
 
03/10/06: Só para não esquecer
 
18:24 Élcio: oi
eu: Oi...
18:27 Élcio: Tô com saudade
eu: Eu tumem...
                                E fim...
 
 29/09/06: Sobre as fotos no Gtalk
 
16:44 eu: Oi, Mozão.
16:45 Élcio: Oi linda
eu: Gente, o dele tem foto mesmo
eu: rsrsrs.... Que bom que agora posso falar com vc....
Élcio: Só pra vc me ver sua pata ( Em referência a foto da pata no lugar da minha imagem)
eu: Tá bunitu...
                          E fim...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Música boa para rir e chorar

Hoje faríamos 6 anos de casados.

A data que era de comemoração, perdeu um tanto de sua alegria, mas não as boas lembranças que ela traz, o frio na barriga, o gosto de mais.

Virou data boa para rir e para chorar. Como a música que me povoa a mente...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pãe e Mai

Escuto a palavra “pãe” e não resisto a pesquisar: dizem por aí que é o pai que é mãe ao mesmo tempo.

Engraçado isto de não existir o contrário, algo como “mai”, uma mãe que é pai... (será que ainda a chamamos de mãe solteira?)

Romantismos... Por mais bonitinho que me pareça, por mais bem intencionado, não vejo como possível a substituição, cobrir a ausência do outro ou sua própria importância.

Talvez por ter vindo de uma família assim formada, onde cada um desempenha seu papel - mesmo que às vezes estes estivessem meio invertidos - por ter os dois, pai e mãe, sinto o quanto eles são importantes, a quem recorrer em determinado assunto, o que aprender com cada um deles.

Assusta pensar que carrego comigo todos os “Sims”e “Nãos” de uma criação, as decisões dos caminhos, todos os abraços e beijos, desejos de boa sorte e amor parental, não só pela responsabilidade disto tudo, mas por achar que em dois a gente pode dar mais e a gente quer sempre mais para nossos filhos...

Por outro lado, pode ser que meu pequeno não entenda assim, justamente por não sentir falta do que ele não traz na lembrança e, ao crescer em uma realidade diferente da minha, ele tenha em mim sua “pãe” ou “mai”, com tudo que lhe seja necessário e isto baste.

O melhor, então, é ser somente mãe, como muitas outras.

Que joga bola no meio da sala, que talvez aprenda a soltar pipa ou andar de skate e saiba um pouco sobre futebol e desejos de meninos, como muitas outras mães...

Por que o que interessa mesmo é ser uma boa mãe, e se conseguir isto, ele ficará bem.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tinta Seca

E simplesmente a escrita seca, como se não houvesse nada mais a dizer.

Como um reflexo do que vai por dentro. Não sangra, não grita mais. Seca. Cria casca, cicatriza. Se fecha.

Fica tudo estático, parado, sem brisa nem ventania. A vida seguindo com você ali, ainda no comando, só que no piloto automático.

Executando as tarefas, seguindo, resolvendo.

A felicidade consistindo em amar quem ainda há para amar... o que nunca é pouco, mas também não pode ser tudo, quando olhado de uma forma racional, o que nunca acontece.

Mas o resto, seco. Como a escrita, a tinta e a palavra.

quinta-feira, 3 de março de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

A primeira conversa séria

Vou buscar o pequeno na escola, e para minha total e completa surpresa, sou avisada que o pequeno mordeu um coleguinha.

Chego em casa decidida a ter nossa primeira conversa séria, me passando de relance pela cabeça quais os motivos que podiam levá-lo a isso, sem hesitar, digo:

- Filho, precisamos ter uma conversa séria. Venha comigo.

Ele, sem pestanejar:

- Ixe Maía!

Gargalhadas internas... e a bronca fica mais leve.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

É isso

A solidão não vem no formato óbvio de não se ter companhia ou no incômodo do quarto vazio.

É na ausência da partilha que ela me surpreende, na trovoada sem abrigo - medo desses de infância - , nas decisões autônomas e não divididas, nas tarefas diárias, nas inexistência das conversas cifradas.

E não há remédio.

Porque minha solidão é feita somente da ausência dele.

E de ninguém mais.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Na Escola

Sofri muito estes últimos tempos, na expectativa do primeiro dia de aula do meu filhote.

Imaginava as famílias felizes, com pais e mães - e até alguns avós - todos a levarem seus rebentos para a escolinha, no seu primeiro dia de aula. Imaginei fotos compartilhadas, sorrisos e algazarra.

Pensei nas perguntas que podiam vir e quais as respostas corretas para que não deixassem ninguém constrangido.

Senti a dor por pensar que que não podia chorar, que devia manter-me confiante, sem saber em que pote ou supermercado eu achava uma porção bem grande de um sentimento que me fugiu por estes tempos.

Tudo em vão!

Para meu espanto, cheguei junto a tantas outras mães, apreensivas pela adaptação de seus filhotes, passando desapercebida em meio aquele mar de carinhas e muxoxos, onde só aquelas criaturinhas realmente importavam.

Não havia multidões de famílias felizes e o único choro presente eram o dos pequenos naquele novo mundo. Não houveram apresentações de oi - como vai - conte-me sua vida!

Tudo em vão.

Sofrimento desnecessário este de nos colocarmos a frente de nossas histórias. E o pior é que parece que esta lição nunca está completa.

Claro que ele nos fez falta, mas foi bom ver que a vida está sempre a lhe sorrir!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um parênteses importante

A vida é uma caixinha de surpresas, dizem por aí... Chavão mais que apropriado para pensarmos nele a cada manhã.

Muitas destas surpresas são boas, nos fazem felizes e podem vir acompanhadas de fitas coloridas e beijos apertados.

Outras são ruins, com o gosto amargo que preferimos no passado.

Todas nos lapidam, nos traduzem, nos reinventam.

Mas somente algumas têm a força de nos trazerem à tona, modificando nossa essência e o nosso cotidiano.

Estas são as que nos fazem pensar no sentido de nossa vida e nos mostram as suas únicas opções: Fugir ou Ficar?

Ficar, foi a resposta escolhida por um casal de amigos ao diagnosticar a filhotinha com uma doença rara.

Passado o susto e tomando pé da situação, estes queridos estão organizando uma ONG para estudos e divulgação de Doenças Raras. Porque eles não fazem por eles apenas, a essência dos dois não permite. Eles escolhem mais.

As Doenças Raras afetam um número limitado de pessoas, menos de uma em cada 2000 pessoas, mas que no entanto, refletem em um número expressivo, de 6% a 8%, da população mundial.

Em muitos casos estas doenças não são diagnosticadas devido à escassez de conhecimento médico e científico.

A necessidade de apoio para a divulgação de informação é muito importante para estes casos, assim como a formação de Políticas que apoiem a causa.

Uso este blog para crescimento pessoal, para expurgar minhas dores.

Hoje abro um parênteses muito mais importante, para falar das Doenças Raras, da necessidade de seu apoio, de escolher mais, e que sempre há algo que possamos fazer...

Ah, por favor, divulgue o Rare Disease Day!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dores de Mãe

Ele, algumas vezes, chama meu pai de pai.

Outras, é atrás de meu irmão que ele chama pai.

Já chamou amigos meus de pai. E chamou desconhecidos de pai. Ou, por vezes, simplesmente fica cantarolando baixinho... Pai, pai, papai...

Como que para fazer uso de uma palavra que ele não descobriu onde se encaixa, ele, simplesmente vai experimentando, sob meu olhar calado de quem não pode ajudar.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

E eu?

Sempre gostei deste tempo fechado que anda fazendo por estes dias, desta garoa, este friozinho para tomar com café quente, do aconchego que isto me traz...

Um evento e, de repente, passo a preferir o sol, porque não quero correr o risco de me misturar com a chuva nesta tristeza que parece que me espreita.

Pequenas mudanças que me deixam com uma certa perplexidade, transformações sentidas ao longo dos meses que me fazem tentar me entender, que talvez só eu perceba e ninguém mais.

Um evento.

E eu, que antes sabia de mim, agora tenho outros gostos desconhecidos, outras formas de agir, de sentir, de dormir, outros planos que eu ainda nem sei quais são e nem se realmente são meus.

Assim como um riso solto que não me acompanha mais, fico pensando se eu fiquei para trás.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Assim seja

Depois de um dia longo, abraço meu pequeno:

- Filho, que saudades!

- Xôdade papai.

Ele responde, sem eu saber ao certo se ele entende o sentido daquilo.

- É, filho... Lembra que mamãe já falou que o papai mora no céu?

- Amém... me responde sua voz de bebê-menino...

E me invade uma mistura de felicidade, tristeza e orgulho pela resposta rápida vinda tão naturalmente.

- Amém, meu filho. Amém.