terça-feira, 4 de maio de 2010

Vazios

Posterguei a retirada das coisas dele de casa, por não ter pressa, por não querer mais nenhuma mudança na minha vida já tão revirada.

Simplesmente deixei para depois.

Sabia que o momento certo chegaria.

E foi assim, sem planejar nem fazer preparativos que, quando dei por mim, estava às voltas com suas coisas espelhadas pelo quarto.

Executei esta tarefa dolorosa, vi mais um pouco dele de partida e senti minha dificuldade em deixar que isto aconteça.

Sei que é irracional, mas estes sentimentos são tão vastos que é complicado entender até para quem os sente.

Muitos correm a limpar os armários, acho que para tentar acelerar o processo de cura, de luto. De cura do luto.

Eu precisei de tempo, e quando este chegou, foi mais fácil.

O que não me impediu de sentir os cheiros que trouxeram as lembranças que me invadiram e com elas, saudades.

Vi vazios se formando nas gavetas e os que ainda estão dentro de mim doeram mais fundo, mas senti que já tenho forças para construir novos espaços, novos caminhos, novos projetos de vida que sejam meus, que sejam para meu pequeno enquanto esta for minha tarefa.

Algumas coisas vão continuar onde estão. É minha escolha.

Outras, como a aliança que carrego no dedo, o tempo irá levar, mas só quando o meu tempo chegar.

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